UNIVERSIDADES DO CRIME

Esparramando-se pelo País, os massacres nos presídios mostram o
Brasil que somos. Holocausto brasileiro que ninguém se incomoda por
envolverem presidiários. Presidiários são seres humanos que na sua maioria
delinqüiram por falta de civilidade e educação. Civilidade é fruto da
educação, mas a educação é algo que os governos deveriam garantir, mas
negligenciam desde que o fidalgo português Pedro Álvares Cabral, comandante
militar, navegador e explorador, atracou em nosso litoral em 22 de abril de
1.500. Perigosos, não perigosos, temporários, outros injustiçados, mas algo
em comum … estão todos misturados e cursando a universidade do crime. A
política de segurança pública no Brasil transformou-se num trágico jogo de
faz-de-conta. Ao mesmo tempo, é um alerta, talvez o último, para o que resta
de espírito público dos governantes. A bomba-relógio já foi acionada e a
explosão propagará por muito. Graças à demagogia e incompetência de alguns,
e ao imediatismo de muitos, caminhamos rumo ao descontrole total do Estado e
à instauração de uma verdadeira guerrilha urbana. As facções criminosas,
cuja existência as autoridades fingiram desconhecer, está determinando a
agenda das autoridades. Não há, lamentavelmente, políticas públicas
consistentes na área de segurança. Há sim, espasmos reativos das autoridades
e sucessivas explorações eleitorais daqueles que transformaram o sofrimento
da sociedade brasileira em instrumento de captação dos votos. O presidente
Michel Temer finge não existir problemas na área de segurança pública ao
oferecer tropas especiais aos estados. Pretenderá resolver o problema
penitenciário com o aquartelamento de tropas federais nos portões das
prisões? Enquanto os políticos manipulam o medo da população, o crime
avança numa escalada sem precedentes e ameaça os próprios alicerces do
Estado de Direito. O combate ao crime organizado exige ações repressivas e
preventivas. A falência da verdade é a principal causa da decadência de
qualquer sociedade. E, em contrapartida, reerguer uma sociedade é reerguê-la
primeiro eticamente, fazendo reinar nela o que há mais essencial: o primado
da verdade. A imprensa tem importante papel no processo de revigoramento
ético da sociedade. Não se constrói uma democracia com mentira, casuísmos ou
espertos malabarismos jurídicos. Edifica-se uma grande nação, sim, com o
respeito à lei e à verdade.