MASSACRES E O VIADUTO

A corrupção está impregnada em todos os lugares do Brasil,
mas o berço é a política. Não é apenas o reconhecimento implícito da culpa
da política, é a canonização da bandalheira, a santificação do pecado, a
negação definitiva da ética da política.Trata-se, infelizmente, de
comportamento recorrente na vida pública brasileira: silenciar, negar,
desqualificar e apostar na amnésia. A nação perde anticorpos morais e
sucumbe aos sintomas de uma autêntica AIDS política, ganhando o jogo contra
a legalidade. Os massacres nas penitenciárias do Amazonas e de Roraima
descortinam governos paralelos com leis próprias debaixo dos olhos das
autoridades, que disfarçam nada ter com isso. São políticos e servidores bem
pagos que promovem ou apenas fazem vistas grossas para o crime organizado.
Não há como monitorar fronteiras e penitenciárias só com gente e sem
tecnologia, tanto como é impossível combater o crime organizado só com
tecnologia e sem inteligência. Ambos, recursos humanos e tecnológicos,
custam dinheiro e exigem tempo até entrarem em ação e adquirirem o mínimo de
eficiência num País onde a segurança chegou aonde chegou e faz fronteira com
três dos maiores fornecedores de drogas do planeta: Bolívia, Colômbia e
Peru. E por que não fazem? O ministro da Justiça Alexandre de Moraes é uma
piada pronta. Político caricato encenando o comando de uma das pastas mais
solicitadas em tempos de “Lava Jato”. O Presidente Temer, Secretário de
Segurança após a “chacina do Carandirú”, finge de “morto”, ressuscita dias
após e pronuncia-se estabanadamente. Já o secretário nacional de Juventude,
Bruno Júlio, deixou o cargo depois de “vomitar” sobre o massacre, “ao
considerar que a morte de detentos é menos grave que de um pai de família”,
deixa escapar o que um cidadão comum poderia, mas não um membro de governo.
Não é só a Família do Norte, PCC, Comando Vermelho que se valem da corrupção
e inépcia pública. Vejam o Mensalão, Petrolão, os trens do Geraldo, etc. E
em Jundiaí? Quem aprovou aquele pórtico pavoroso de R$ 300 mil no Viaduto
Joaquim Calendário de Freitas, (da Vila Rio Branco)? Trata-se de
contrapartida da iniciativa privada, mas poderiam ter usado melhor esse
dinheiro. E o Hospital São Vicente, por que chafurda em dívidas cancelando
cirurgias eletivas, demitindo médicos plantonistas do pronto-atendimento?
Pois é … as vezes acho que temos o DNA contaminado, mas não.