“Imagine um combustível que não venha do Oriente Médio, que custe seis vezes menos pra produzir do que o etanol do milho, e que, de fato, ajude o meio ambiente…
É o etanol da cana de açúcar, a qual cresce como erva daninha na Flórida!”
Com estas palavras, o secretário de agricultura da Flórida, o ex-deputado Adam Putnam, na segunda reunião anual da chamada Cúpula de Energia da Flórida (Florida Energy Summit) em Orlando, se referiu à cana-de-açúcar e ao álcool que dela se produz.
Durante a sessão chamada “Converting Crops to Fuel” (“Convertendo Plantações em Combustível”), conduzida por Gary Peter, professor de genômica florestal e biologia celular da University of Florida, foram enfatizadas ao grupo de interessados presentes as vantagens extraordinárias da produção de combustível através da cana e, em especial, o grande potencial de retorno financeiro se investirem nessa área de pesquisa da UF.
Essa joint venture entre o empreendedor de negócios e o cientista em seu laboratório do campus – aqui chamada “Extension” – é o que, na prática, permite sustentação e crescimento à universidade, onde a anuidade escolar, apesar de cara, tem mero caráter complementar.
Tal parceria tem estrutura de alto nível, tanto de capacidade docente como de equipamento, compatíveis com a sua importância como principal fonte geradora de suporte financeiro à pesquisa acadêmica e ao desenvolvimento, em todas as sua áreas.
Liga o empreendedorismo da América com a sua capacidade de produzir e aplicar o conhecimento.
O Brasil, como não poderia deixar de ser, eis que tem muito a ensinar no campo do biocombustível, se tornou a estrela – e o grande exemplo – do evento.
O nosso país conquistou sua auto-suficiência em energia, fora dos rios e suas hidrelétricas, graças à dobradinha petróleo no subsolo e etanol na plantação, no que enfrentou duras críticas da oposição – necessária sempre, embora estúpida algumas vezes! – que alegava falta de motivação ao fazendeiro que plantava alimentos.
Gastou-se bilhões de dólares, durante décadas, em pesquisa pra desenvolver a tecnologia que levasse à produção em massa de etanol.
Criou-se rios de álcool de nascentes em mares de cana!
Hoje os brasileiros têm uma indústria de etanol que exporta milhões de barris de combustível pro resto do mundo – incluindo 160 milhões só para os Estados Unidos – e emprega um milhão de brasileiros.
Contudo, diante da vulcânica pressão interna pra dar emprego aos seus próprios cidadãos, coisa que exportação declinante de bens não faz, por inibição da freguesia de fora – e comprar feito, menos ainda! – as nações parecem mostrar uma tendência generalizada a uma introspecção que beira a xenofobia…
Produzir sua própria energia – e estimular o seu consumo dentro de casa, adicionando-a ao óleo importado ou não – é uma das alternativas cada vez mais viável e promissora àqueles que ainda não o fazem.
A propósito, aqui nos EUA já se acrescenta 10% de etanol à gasolina, e o Brasil, que adiciona 20%, está pensando em aumentar o percentual, conforme tem anunciado o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão.
Enquanto os Estados Unidos, o melhor freguês do mundo, não conseguem trazer de volta os bons velhos tempos a que a nossa geração se acostumou, nem é preciso saber tanto de economia como a economista Dilma e todos os seus ministros pra imaginar que os apregoados melhores dias não têm prazo pra chegar.
A não ser que esse melhor seja apenas um pequeno upgrade do ruim, como na prática tem sido…
Mais ainda com essa disposição global, forçada, de passar a fazer em casa, como aquele jantar, que é mais romântico, sai mais barato, é, às vezes, até melhor, e ainda pode empregar um cozinheiro!
E da cana pra cachaça, pra quem já sabe fazer o moonshine, é só um pulinho “fazendo o quatro”…