UM DIFÍCIL CENÁRIO NO EXTERIOR E NO BRASIL

O cenário da estrutura econômica mundial é, além de preocupante, revestido de incertezas que extrapolam o imaginário da racionalidade, em profundidade, dos efeitos econômicos decorrentes das medidas protecionistas, aplicadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A validação das “tarifas”, sem redução em seus percentuais, provocará uma retração no fluxo do comércio multilateral , das exportações e importações globais, cujos efeitos projetados pela OMC – Organização Mundial do Comércio, pode provocar uma queda de 1,2 % no crescimento mundial neste ano.

Serão grandes os desequilíbrios nos Balanços de Pagamentos de grandes números de países afetados pelas tarifas e, em decorrência, aumentos de seus endividamentos externos e, ou, redução de suas reservas internacionais.

Desde 1945 que a moeda americana – o dólar, detém a hegemonia como moeda de curso internacional e referência, quase unânime na corrente do comércio global. Além do dólar, os Títulos do Tesouro Americano, os “Treasuries”, se tornaram a referência em “segurança”, para os investidores de todas as Nações. Atualmente, os investidores estão se desfazendo de suas aplicações, com a venda dos Títulos do Tesouro Americano, e, como consequência o rendimento desses Títulos, de dez anos subiu para cerca de 4,4 % ao ano, acima da inflação. Há uma sensação negativa, que projeta uma recessão econômica mundial, combinada com o crescimento da inflação global.

Donald Trump, fez um recuo precaucional, e suspendeu o tarifaço por noventa dias, mantendo, entretanto, as tarifas já aplicadas de 10 % em um grande volume de produtos que importam do mundo e, em particular, mantendo também uma sobretaxa à China, de mais 125 %. Os efeitos, temporariamente, foram positivos: o índice de referência do mercado acionário americano, subiu 9 % e o da Nasdaq (Bolsa de Ações das Empresas ligadas ao Mercado de Eletrônicos, Telecomunicações, Tecnologias e Biotecnologia), se elevou em 12 %. Aqui no Brasil, o dólar caiu para R$ 5,84.

Cresce, gradualmente, a retaliação comercial por parte da China. Já se proibiu a importação de aviões da Boeing (americana) e, também foram suspensas as exportações para os Estados Unidos, de materiais “críticos”, usados no programa espacial, tecnologias dependentes de chips e indústria automobilística, além de uma tarifa de 84 % para os produtos exportados pelo País.

No Brasil, por enquanto, temos que pagar uma tarifa de 10 % sobre as nossas exportações de aço e alumínio.

O que é extremamente ruim, é que o governo brasileiro não muda o curso da nossa economia, que gasta mais do que arrecada. O déficit primário (sem os juros superiores a R$ 800 bilhões por ano), ficou, em 2024, em R$ 64 bilhões. Neste ano, o déficit deve ficar próximo desse patamar, com o agravante é que descontado cerca de R$ 50 bilhões do orçamento, destinados a emendas parlamentares e outras despesas obrigatórias, sobra quase nada de recursos para os gastos discricionários e para investimentos. A dívida interna a curto prazo, chegará próxima de 80 % do PIB – Produto Interno Bruto, o que será um grande desastre para o País.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas.