Após uma noite de conversações, sexta-feira a cúpula do bloco do euro, da União Europeia (EU), chegou a um acordo para preservar a estabilidade da moeda.
A decisão foi aplaudida pelos líderes mundiais, o que representa um alívio para o impasse econômico da Espanha e Itália principalmente.
Herman Van Rompuy, presidente da EU, ressaltou os esforços para se atingir esse grande progresso, que será uma garantia contra crises futuras.
O principal detalhe do acordo é que o European Stability Mechanism (ESM) – Mecanismo de Estabilidade Europeia possa recapitalizar os bancos em dificuldades, sem passar pelos orçamentos nacionais dos estados-nação.
Isso significa que o ESM poderá comprar a dívida de países da zona do euro, antes que esses venham a necessitar de resgate. Esse mecanismo diminuiria a pressão sobre países que são obrigados a pagar altas taxas de juros para conseguir dinheiro, como a Itália e Espanha que estavam pagando juros maiores que 6% ao ano.
Porém, o ESM precisa ser ratificado e as normas que vão nortear sua atuação ainda não foram estabelecidas, o que será feito com a participação do Banco Central Europeu, e pode levar até 6 meses.
Muita coisa ainda precisa ser definida, como serão as regras para o ESM trabalhar com instituições bancárias menores, tais como alguns bancos estatais regionais, por exemplo. Outra é como vai lidar com grandes bancos fora da zona do euro, que possuem importância fundamental para o bloco, como as instituições de Londres.
O ESM tem a capacidade de 400 bilhões de euros, o que representa 15% dos mercados de títulos da Itália e Espanha. E se essa capacidade fosse esgotada, quem responderia pelos compromissos, o BCE?
Se por um lado os líderes da Itália e Espanha, Mario Monti e Mariano Rajoy conseguiram dissuadir a mandatária alemã Angela Merkel, que não aceitava mecanismos paralelos para ajustes orçamentários dos Estados, por outro Merkel enterrou definitivamente bandeiras levantadas pela França, Itália e Espanha como os Eurobonds, Eurobills e um Fundo de Resgate. E de passagem ainda Merkel conseguiu colocar o BCE como responsável pelas regras sobre a decisão aprovada.
Na verdade a luta europeia para superar ou amenizar a crise que ameaça a sobrevivência de sua união precisa continuar, muito terá que ser feito ainda e a sequência histórica recente mostra que não existem soluções mágicas e imediatas.
Como já salientou na semana passada o BIS (Bank for International Settlements) – Banco de Compensações Internacionais, os governos mundiais fracassaram ao lidar com a crise, e o mundo precisará de 20 anos para voltar a ter o endividamento que registrava antes de 2008.