Uma jogada de mestre

O presidente Barack Obama tomou uma atitude inédita na última sexta-feira, assinando uma norma que suspende a deportação de centenas de milhares de imigrantes, que entraram nos Estados Unidos como menores.

A decisão se aplica a jovens imigrantes sem documentos, trazidos para os EUA antes dos 16 anos e que estão atualmente com menos de 30 anos, que estão estudando ou completaram o ensino médio, ou serviram ao exército e não tenham sido condenados criminalmente.

Em síntese tal mudança de política segue as mesmas linhas do DREAM Act (Development, Relief, and Education for Alien Minors) um projeto de lei que há 10 anos foi aprovado na Câmara dos Representantes, mas não obteve sucesso no Senado em 2010.

Os jovens beneficiados poderão solicitar autorização de trabalho, mas não será concedida residência permanente e nem alterar as normas para a cidadania. É uma prorrogação de dois anos e que poderá ser prorrogada por mais dois.

Obama anunciou a decisão na Casa Branca, fazendo de todo o seu talento uma apologia emocional dos jovens a serem beneficiados, “coloquem-se no lugar deles… estudam em nossas escolas… eles são americanos em seus corações, em suas mentes, em todos os sentidos…”

A repercussão para os grupos que lutam pelas reformas nas leis de imigração foi estrondosa dentro do país, e o presidente mexicano elogiou a decisão.

Hoje, cerca de 12 milhões de mexicanos vivem nos EUA, sendo que somente metade em situação legal. As autoridades informaram que a medida vai favorecer 800 mil jovens imigrantes ilegais, porém o Pew Hispanic Center (centro de estudos e apoio aos hispânicos sediado em Washington D.C.) acredita em 1,4 milhões.

Não podemos negar que essa atitude, na hora em que chega, é uma das maiores jogadas na política americana dos últimos tempos.

A comunidade hispânica é disparada a maior dentre os grupos estrangeiros do país, e tal concessão atinge calculadamente os novos eleitores, além de ser extremamente simpática para todos os compatriotas.

Colocou os Republicanos em uma saia justa inesperada, não podem criticar, pois correm o risco de se despedirem de uma grande fatia do eleitorado, e não podem também elogiar o adversário, o que seria suicídio. Restou para o candidato Mitt Romney usar apenas de evasivas e comentários inócuos milimetricamente calculados.

Em uma pesquisa da NBC e do Wall Street Journal feita há um mês, Obama tem 61% dos eleitores hispânicos registrados para votar e Mitt Romney 27%.

Destaque-se ainda que foi um tremendo tapetão, dentro das regras do jogo, na disputa pelo DREAM Act, defendido pela Casa Branca, mas obstruído pelo Senado.

Em função da série de fatores positivos dessa medida para os Democratas, muito bem engendrados, alguns analistas já a consideram como o detalhe decisivo da reeleição de Obama.

Fonte: tipnews.info