Segundo o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), quase 50% das vagas oferecidas pelas Universidades, Centros Universitários e Faculdades isoladas do país não foram preenchidas em 2010.
As 2.377 instituições de ensino superior ofereceram 3.120.192 vagas em seus processos seletivos, mas somente 1.590.212 candidatos se matricularam. A maioria foi nas entidades particulares, mas mesmo assim 36 mil vagas em instituições públicas não foram preenchidas, principalmente nas municipais, mas também esse processo já mostrou sinais em algumas universidades federais.
As tendências e dados não oficiais mostram que esses números devem ter aumentado em 2011 e agora em 2012.
A Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) que representa as entidades particulares, acredita que o problema estaria vinculado ao fato de parte das instituições solicitarem ao MEC número de vagas maior ao que de fato a região demanda, para evitarem as dificuldades posteriores, quando da necessidade de solicitar aumento de vagas.
Concordo com essa explicação, pois de fato houve excessos nos pedidos de várias entidades, porém o problema não reside só nesse fato, mas no real excesso de oferta no setor, não só em relação às vagas, como também na enorme quantidade de instituições de ensino superior que foram autorizadas nos últimos anos.
Para agravar a situação, acresce-se o fenômeno da evasão dos estudantes, principalmente nas primeiras séries dos cursos, mas em outras fases também, e que vem aumentando ano a ano.
O excesso de oferta e a grande competitividade no setor fez com que surgissem alguns cursos com mensalidades inferiores a R$ 200,00, com reflexo direto e evidente na qualidade dos mesmos.
Enfim, uma série de fatores fez com que se levassem para as carteiras universitárias, um grande número de jovens que não tinham a necessidade premente do ensino superior e pessoas com idade superior ao usual, no intuito apenas de obter o diploma e o status correspondente. Não demorou muito para que percebessem que após a conclusão do curso, as ofertas do mercado de trabalho eram inferiores aos salários que recebiam.
O ponto principal reside no poder aquisitivo da classe média, juntamente com o custo do ensino. Em média, o preço de um curso de graduação hoje, de boa qualidade, não sai por menos do equivalente a um carro médio zero Km, ou seja, em torno de R$ 24.000,00, para serem pagos em quatro anos.
As tentativas de algumas instituições para baratear esses valores já se mostraram desastrosas e tiveram, inevitavelmente, impacto direto na qualidade do ensino.
Sem dúvida a melhor solução para parte desse problema foi dada pelo governo Lula, com Programa Universidade para Todos (ProUni). Oferece 10% das vagas das entidades particulares em bolsas de estudos para alunos carentes e selecionados, e as instituições que aderem tem em contrapartida a isenção proporcional dos impostos federais.
Outra iniciativa de grande sucesso é o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) do MEC, que tem beneficiado um número crescente de alunos, e no meu ponto de vista é uma excelente solução, e possui um potencial de crescimento muito grande para o futuro.
Portanto a falta do planejamento adequando para se saber de antemão a necessidade do ensino universitário, em cada região do país, quando da iniciativa do Ministro Paulo Renato de Souza, no governo Fernando Henrique, desencadeou o excesso de autorizações de cursos superiores no Brasil, com a consequência lógica e imediata da perda de qualidade, banalização e a falta de credibilidade nas entidades particulares em geral.
Infelizmente esses desencontros criaram uma nova classe de estudante, que vem aumentando, o “cliente”, no verdadeiro sentido comercial, com o único intuito de comprar um diploma: paguei logo tenho o direito!
Parabéns! Excelente artigo! Tudo isso é muito nítido na área do Direito, muitos se formam bachareis, porém poucos são aprovados no exame da OAB. No entanto, é uma verdadeira encruzilhada, se o curso é caro, muitos não podem pagar e voltamos à época dos privilegiados da sociedade, nascidos em berço de ouro, se a mensalidade é acessível, a qualificação na escolha dos professores é prejudicada. Sem solução, prefiro que a mensalidade seja acessível, cabendo ao aluno, através do próprio esforço e dedicação, buscar mais conhecimento além do que a faculdade oferece. Todos merecem oportunidade!
Cara Miriam Deborah Barreto,
muito obrigado por seus comentários. É muito gratificante receber feed-back como esse, pois nos impulsiona a enfrentar o grande desafio de oferecer um ensino de qualidade, ao maior número de jovens da classe média.