VERDADES SOBRE A COPA

Todos podem protestar em todos os lugares, destruir tudo que encontrar a
frente por conta de algumas horas em uma Delegacia de Polícia, exceto nas
imediações das sagradas arenas da Copa do Mundo. A regra de protesto
ilimitado excluiu os “territórios internacionais” sob controle efetivo da
Fifa. “Nunca na história desse País” ou de outra democracia, um governo se
curvou tão completamente a uma potência externa desarmada. A condição prévia
para a Copa 2014 no Brasil é a cessão temporária da soberania nacional à
Fifa, que assume funções de governo interventor por meio do seu Comitê
Local. O ex-jogador Romário honrou seu mandato parlamentar denunciando
sistematicamente a farra de desvio de dinheiro público, que ainda faz seu
curso. “A Fifa é quem manda no Brasil hoje”, explicou com a precisão e
simplicidade de quem carece de dotes científicos e políticos. Com o dinheiro
gasto para construir o Estádio Mané Garrincha poderiam ter sido construídas
150 mil casas populares. No seu pronunciamento desesperado do fim da semana
em que o Brasil parou para protestar em julho, Dilma Rousseff recorreu aos
sofismas desses analistas para exercitar o ilusionismo. Os recursos
queimados na fogueira das arenas “padrão Fifa”, disse a presidente, são
“fruto de financiamento”, não dinheiro do orçamento. Mas a Presidente não
disse que a fonte dos financiamentos concedidos pelo BNDES são títulos de
dívida pública emitidos pelo Tesouro, nem que a diferença entre os juros
reais pagos pelo Tesouro e os juros subsidiados cobrados pelo BNDES é
coberta pelos impostos de todos os brasileiros, da geração atual e da
próxima. A “verdade técnica” da presidente não passa de um véu destinado a
esconder o significado financeiro da orgia que será promovida pela Fifa e
pelo governo brasileiro. No seu conjunto, a operação Copa 2014 é uma vasta
transferência de renda da população para a Fifa, as empresas patrocinadoras
do megaevento e as empreiteiras contratadas nas obras civis. Uma CPI da Copa
revelaria as minúcias da rapinagem, destruindo no caminho governantes em
todos os níveis que se engajaram na edificação de elefantes brancos com
recursos públicos. A Copa mais cara da história é a síntese perfeita do
legado político do ex-Presidente Lula e de Dilma. Os batalhões de choque em
postura de batalha no perímetro de “segurança nacional” da Copa e os agentes
da censura política em ação nos portões das arenas protegem a imagem da Fifa
e das marcas associadas. O povo? Esqueçam os mortais. Eles protegem,
sobretudo, a imagem de Lula, o regente dessa festa macabra. A política do
“pão e circo” deve reinar em 2014. Pobres brasileiros que ignoram passar por
fantoches de uma autêntica quadrilha, quadrilha essa comandada por Luís
Inácio Lula da Silva e seus asseclas.