O vira-bosta e o ninho do ticão

O pássaro vira-bosta, também conhecido como chupim, não resiste a um ninho de tico-tico. Ao menor descuido do distraído tico, lá vai ele botar seus ovos, discreta e rapidamente, como faz o cuco, seu mais próximo parente.

Engana com casca parecida, piado irresistível e a boca-bico escancarada que toma todo o tamanho do ninho, levando todas as minhocas.

Bico pequeno não tem a menor chance….

A não ser em bando, quando usam sua força coletiva e resolvem espantar o parasita e seu virus contagiante!

É o que temos visto nestes dias na cena política brasileira.

Dona Dilma, a presidente de estilo arrogante como todo individualista pretensioso, agora amedrontada e mal quista, age como se achasse que é muita coça pra uma socó só coçar, e busca conluios e conselhos inda ontem impensáveis.

Mas não perde o topete, que agora custa mais de três mil reais em cada vez que aparece em público…

“Porque fizemos mais escolas… aumentamos a renda… criamos mais cidadania… as pessoas reinvidicam mais…”

Então, o movimento das “Diretas Já!” foi mérito da chamada ditadura, porque o governo militar criou as condições ideais?

“Nós também queremos melhores escolas… saúde de primeiro mundo…”

Por um momento pensei que fosse só mais uma manifestante, solidária, e não a chefe do Executivo, aquele que executa…

O mentor, como um daqueles padrinhos que só aparecem no batismo, na crisma e na primeira comunhão, se escafede quando não tem festa e nem farta distribuição de louros.

Aliás, por que o pessoal do PT ainda se refere, capciosamente, a Lula como “presidente”, em desconcertante desrespeito à atual ocupante do cargo?

Porque ela é “presidenta” e a ideia é homenagear o Chico Anysio e seu “Cascata e Cascatinha”, com “presidente e presidenta”?

Olhando o macro daqui de longe, vê-se que o bando, cansado de chocar ovo alheio, parece estar conseguindo confinar a zona de conforto da maracutaia brasileira.

Acuadas pelos bons brasileiros, as autoridades parecem agora estar conseguindo, nas ruas, separar, com menos dano colateral, oportunistas de patriotas inconformados expressando a sua vontade, como é preciso nas democracias que se prezam.

Hoje, com a Internet, a juventude tupiniquim percebe que o seu jeans, o seu tênis, o seu celular e o seu iPod custam muito mais barato se comprados na Amazon do que nas lojas do seu bairro ou nas Casas Bahia.

E não entende porque suas contas de alimentação, saúde, transporte e educação são maiores do que em muitos países do primeiro mundo.

E cansou de ver que, na apuração das contas governamentais, a única que bate é polícia…

A cidadania nacional clama por mais retidão e menos desvios na condução do seu país.

O raciocínio é simples: dinheiro não surrupiado por apropriação indébita – ou administração inepta – paga a promoção de todos ao padrão de vida pretendido.

É, basicamente, um “pega ladrão!” mais organizado.

Os políticos em geral, principal alvo da reinvindicação da massa rebelada, mostram sintomas de que perceberam que o clamor é sério e que respeitá-lo é essencial à própria sobrevivência da espécie.

Na prática, até o altruísta mais desprendido só faz algo pelo próximo se for em benefício de si mesmo: ganhar o céu, levar algum, ou por pura preservação (leia-se medo) quando o tal próximo chega muito perto!

Se todo esse heroico e custoso esforço desse grande povo economicamente – e, assim, desde sempre! – oprimido vai levar a um final feliz e duradouro, são outros centos…