Com essas palavras, o cineasta Peter Greenway iniciou sua conferência no projeto “Fronteiras do Pensamento”. O tema foi “Novas realidades” e todos os ouvintes ficaram extasiados com o fervor do conferencista. Para afirmar que o cinema acabou, ele ponderou que nada mais fossilizado do que concentrar as pessoas dentro de um salão, imobilizadas a focar uma tela.
O fim do cinema está explicitado com a multiplicação das plataformas. Hoje, a tela se encontra em todos os espaços: televisão, computador, telefone, iPads, iPods etc. Mas o princípio de transmissão de imagens não acabou. Bem por isso, “viva o cinema”! Há muita coisa nova sendo produzida nesse campo. Peter Greenway mostrou as possibilidades de multiplicação de formas de criatividade, quais a sobreposição de cores e de efeitos em quadros célebres.
Ele projetou o que se fez no quadro “Bodas de Canaã”, de Veronese, com luzes, cores e movimento. O resultado é fazer com que uma pintura possa adquirir múltiplas configurações e estimular a inserção de modificações meramente virtuais. Ou seja: o quadro é preservado, não sofre qualquer alteração. Permanece íntegro, assim como feito pelo pintor. Mas, no campo da eletrônica, sua projeção propicia verdadeira recriação.
Já foi obtida a autorização do Vaticano para se proceder ao mesmo experimento na Capela Sistina. Um campo enorme de opções se abriu com o advento de tecnologia hábil inclusive a fazer reviver – mediante restauração holística – personagens que já encerraram o seu ciclo vital e ingressaram no etéreo. O cinema não acabou. Mal está a iniciar um outro ciclo. A sétima arte ainda tem muito a oferecer ao mundo. Minha geração, que cresceu a assistir filmes, foi embalada por uma cultura hollywoodiana.
Os heróis e legendas eram os astros que encarnavam nas telas os personagens que povoavam nossos sonhos. Até o Brasil teve uma indústria filmográfica, situada em São Bernardo do Campo – a Vera Cruz. Muitas comédias e chanchadas foram produzidas em nosso solo e também distraíram e entreteram gerações. Afinal, alargam-se as fronteiras do pensamento, com a palavra de gênios do cinema como o cineasta Peter Greenway.