A alta do dólar e seus efeitos sobre a economia brasileira estão no centro
das preocupações do governo. O ministério da Fazenda e o Banco Central
montam ações combinadas para conter a sua escalada. A estratégia de atuar em
conjunto, deve ser mantida, mas a avaliação da equipe econômica é que ainda
é cedo para novas medidas, embora não estejam descartadas. Para o governo, a
preocupação principal é com o impacto do câmbio na inflação. No esforço para
enfrentar um dos momentos mais turbulentos desde a grande crise de 2009, o
Ministério da Fazenda e o Banco Central afinaram o discurso. Mas dentro da
equipe econômica, há técnicos que defendem que apenas o BC fale de câmbio no
Brasil, já que é órgão que opera no mercado e que tem a credibilidade menos
arranhada no governo. O BC pode usar dinheiro das reservas internacionais
para irrigar o mercado à vista de câmbio. Há ainda a possibilidade de
reduzir alíquotas de importação para insumos. Outras duas medidas são
polêmicas: aumentar compulsório sobre posição comprada dos bancos, ou seja,
penalizar a instituição que aposta na alta da moeda americana e a retirada
do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre capital de curto prazo
para atrair recursos especulativos. Técnicos acreditam que um aumento na
taxa básica de juro no Brasil é uma questão de tempo. Caso o Federal
Reserve, o Banco Central Americano eleve os juros para um patamar entre 0,5
ponto percentual e 1,5 ponto percentual naquele país, o Banco Central terá
de promover um acréscimo na Selic de 2,5 ponto percentual a 3,5 ponto
percentual. Acredita-se que, se nada for feito, o dólar pode atingir R$ 3,00
na virada do ano. Outro temor do governo é com o represamento das tarifas de
preços públicos. Evidente que todos os ajustes deveriam ter sido feitos no
primeiro trimestre deste ano. No comércio exterior, a expectativa é
positiva. A aposta é que a elevação da moeda americana será sentida com mais
intensidade já no início de 2014. O câmbio atual deixa as exportações mais
competitivas. Quanto ao setor industrial, que em alguns segmentos tornou-se
dependente das importações inviáveis nesse momento, assistiremos a retomada
de produtos outrora fabricados e hoje importados. “Argentinalizamos” o setor
industrial, agora teremos que pagar o preço de sua reconstrução, em alguns
casos de cadeias produtivas inteiras, principalmente no setor de bens de
capital. O populismo e imperícia do governo federal criaram uma armadilha
nos últimos três anos e hoje todos os brasileiros estão dentro dela.
Estima-se que levaremos uma década para nos livrar de seus efeitos. Mais uma
vez os brasileiros pagarão a conta com aumento da inflação e
consequentemente dos preços e do desemprego.