FALTA DE ENERGIA

A causa do apagão de energia da última semana está vinculada com a política
energética incompetente, para não dizer negligente do governo Dilma. A
Presidente encabeçou o Conselho de Administração da Petrobrás, foi Ministra
de Minas e Energia, e deve saber que construiu uma armadilha para o
crescimento sustentável da economia. Dilma apoiou a quebra da Eletrobras,
destruiu os serviços do setor energético que já foram padrão, e lembrando,
no mínimo conviveu com o saque dos cofres da Petrobras. A expansão do
sistema de hidrelétricas tem sido feito nas últimas décadas por usinas a
fio d’água, sem reservatórios que mantenham essas usinas em funcionamento
nos períodos de estiagem. Nesses dias fica claro que o modelo é fruto da
incapacidade do governo federal de se engajar em diálogo maduro com os
ambientalistas e movimentos sociais contrários à construção de barragens
para a formação de reservatórios. O governo FHC e Lula estimularam esses
movimentos e agora Dilma paga a conta. Hoje os reservatórios das
hidrelétricas estão abaixo do nível de 2001, onde ocorreu o grande
racionamento de energia. Já teríamos novo racionamento se não tivessem sido
instaladas usinas termoelétricas, que usam gás, óleo combustível e até
carvão. O problema que a energia gerada por elas é muito mais cara do que as
hidrelétricas. Em 2013, o governo Dilma, em uma atitude populista e
negligente, ofereceu um “desconto” nas contas de energia elétrica de cada
brasileiro, deixando as concessionárias com um deficit orçamentário de cerca
de 20% e a resposta imediata delas foi a paralisação dos investimentos em
manutenção, ampliação das usinas, vias de transmissão etc. O risco de
racionamento é eminente, pois todas termoelétricas disponíveis já foram
acionadas e se a seca continuar faltará energia, por uma razão simples,
alternativas de geração de eletricidade como usinas eólicas, termoelétricas
queimando bagaço de cana nunca foram estimuladas pelo governo, no fundo, por
motivos ideológicos. Se o governo federal deseja fazer programas sociais
com eletricidade para beneficiar os pobres, deve fazê-lo na venda, e não na
sua geração. Foi isso que o governo Franco Montouro fez em São Paulo em
1982, estendendo as redes de eletricidade às favelas e cobrando preços
reduzidos dos habitantes dessas áreas, por meio de subsídios cruzados, em
que os mais ricos pagavam tarifas maiores do que os mais pobres. Para se ter
um exemplo, é que menos de 20% do potencial do bagaço de cana-de-açúcar –
que é comparável à potência da Usina de Itaipu – está sendo utilizado para
“tocar” as termoelétricas, por causa da falta de interesse do governo
federal. Os problemas que enfrentamos na área de energia elétrica não serão
resolvidos com medidas intempestivas e demagógicas e eleitoreiras.