Como ocupante do cargo de presidente, Barak Obama aproveitou bem a oportunidade de capitalizar politicamente no jantar anual oferecido pela Casa Branca à imprensa americana.
A Associação dos Correspondentes da Casa Branca (WHCA – White House Correspondents’ Association), fundada em 1914, é uma organização dos jornalistas que têm acesso à Casa Branca e ao presidente, e tal jantar anual atrai grande interesse da sociedade americana, seja pelas celebridades presentes ou pelo ‘show’ de comédia que tem se transformado, e, por isso, conta com ampla cobertura da mídia. Tradicionalmente, é uma ótima oportunidade pra presidentes tentarem expor o seu lado comediante ‘stand-up’, fazendo chacotas de si mesmo e de seus críticos, bem como promovendo realizações de seu governo, e angariar popularidade.
Contudo, este é um ano eleitoral onde se pretende um segundo mandato, e o enfoque maior foram, evidentemente, os ataques ao seu oponente Mitt Romney e ao partido republicano, de maioria na Câmara, cuja liderança estava presente ao evento – Obama agradeceu pela presença, ironizando (“obrigado por ter achado espaço na agenda ocupadíssima em não aprovar lei nenhuma”).
O presidente também satirizou os ataques que vem sofrendo, enquanto comentava o ‘canibalismo’ que foram as prévias republicanas a ponto de quase não ter sobrado nenhum candidato, e a baixaria que virá pela frente (“concordamos que família está fora de cogitação, mas, aparentemente, cachorro não”), enquanto o telão mostrava um video sobre a boa vida do seu cachorro na Casa Branca, em contraste com a história de Romney ter levado seu cão num canil amarrado ao bagageiro, do lado de fora da perua em que viajavam…
Em alusão ao fato de ter comido carne de cachorro quando criança na Indonésia, abordado em seu livro auto-biográfico “Dreams from my father”, referiu-se à republicana Sarah Palin, conhecida como ‘Hockey Mom’ e crítica de Obama com forte popularidade junto à classe ‘D’ (“vocês sabem a diferença entre uma ‘hockey mom’ e um ‘pitbull’? Os pitbulls são deliciosos!”), enquanto a platéia, incluindo Michelle, parecia desaprovar.
De Romney, falou de ‘similaridades’ – (“nós dois achamos que nossas esposas são nossa melhor metade, e o povo americano concorda, mas ‘meio’ como um insulto”, numa provável referência à opção religiosa do adversário mórmon e de olho no voto feminino); (“nós dois temos diplomas de Harvard. Eu tenho um, ele tem dois… Que esnobe!”, numa resposta direta a Rick Santorum, presente na festa, o qual, quando ainda em campanha presidencial, chamara Obama de esnobe por seu esforço em encorajar os jovens americanos a cursar faculdade – pra destacar as diferenças, incluindo ataques sutis à riqueza de Romney, que tem sido criticado pelas manobras (legais, mas consideradas imorais) pra pagar menos imposto de renda.
O presidente-candidato também falou de temas sérios relativos ao evento – cuja receita é destinada a bolsas pra estudantes de jornalismo e prêmios pros profissionais que se destacam – como as mortes do jornalista do New York Times Anthony Shadid e de Marie Colvin, do Sunday Times of London, quando cobriam a rebelião na Síria. Elogiou o bom trabalho de ‘bloggers’ e ‘broadcasters’ (‘nunca esqueçam que nossa pátria depende de vocês pra ajudar a proteger nossa liberdade, nossa democracia e o nosso modo de vida”), antes de retornar ao papel de ‘engraçadinho simpático’ que lhe cabia no evento: “eu tenho que levar o Serviço Secreto pra casa antes do toque de recolher”, aludindo ao recente escândalo sexual envolvendo funcionários do Serviço Secreto Americano na Colômbia…
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