A CONSTRUÇÃO DE NOVA ORDEM INTERNACIONAL

Enquanto aqui em nosso hemisfério estamos iniciando o outono, no Leste Europeu, ainda enfrentam um inverno rigoroso e um interminável conflito entre a Rússia e a Ucrânia, com um incessante ataque da Rússia às cidades ucranianas, o que, além de elevado número de mortes de crianças, mulheres e pessoas idosas, levam a morte de jovens soldados, de lado a lado, nessas quatro sombrias semanas.

Mais de três milhões de ucranianos deixaram para trás os seus bens, muitos dos seus familiares, seus afazeres, suas histórias e trajetórias de vidas e, não mais que, simplesmente se tornaram “refugiados” em outros países que, humanitariamente os estão acolhendo.

Esse é um triste retrato de uma perversa história que, lamentavelmente será contada no futuro.

O que virá após a “curva seguinte” depois da guerra, não sabemos! Porém sabemos que o mundo terá uma inflação maior e um crescimento econômico menor. Sabemos que a curva de empregos que vinha crescendo no mundo sofrerá uma reversão.

Sabemos sobretudo, que as classes sociais aqui e no mundo, com menor nível de renda, no fritar dos ovos, perderão mais que outros segmentos das sociedades. Essa não é uma realidade nova, a história contemporânea a tem em seus registros – em seus amargos registros.

Indo por passos, um passo de cada vez, começamos pelo isolamento econômico-financeiro da Rússia que impactará o comércio mundial de petróleo, gás, fertilizantes, trigo e outras commodities, nem sempre possível de terem as suas ofertas supridas por outros países, o que, aliás, já vem acontecendo e tem provocado aumentos acentuados de preços dessas mercadorias no mercado internacional, espalhando efeitos inflacionários pelo mundo.

Se faltar petróleo e gás, além da inflação, o mundo poderá voltar à recessão econômica – “estagflação”.

Como ocorreu ao final da Segunda Guerra Mundial em que os países se reorganizaram economicamente, social e politicamente, com a criação, em 1944, do FMI – Fundo Monetário Internacional e do BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – Banco Mundial; em 1945, a Fundação da ONU – Organização das Nações Unidas e, na sequência, criação da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte

– Aliança Militar do Ocidente, além do Plano Marshall de ajuda financeira para recuperação da Europa, também agora, com os impactos sociais, econômicos e humanitários dessa guerra e, considerando as Forças Multilaterais Emergentes, muito provavelmente e, é quase certo, que novos ajustes precisarão de consensos estruturantes entre as maiores economias e países do mundo, de forma a assegurar uma nova “Ordem Internacional” de equilíbrio que assegure estabilidade e progresso entre os países.

Se ocorrer, não será uma tarefa fácil e, seguramente, muito mais difícil que em 1944/1945, quando os países e suas economias estavam combalidas pela guerra.

Nessa altura dos acontecimentos, a globalização das economias deu passos para trás e pode ocorrer aumentos de medidas protecionistas unilaterais por países, para proteção dos seus mercados e de suas empresas.

É certo e já foi apontado por Nações Ocidentais de que haverá aumentos expressivos de investimentos em armamentos; defesa; energia e cibernética.

O comércio mundial já iniciou um processo de desdolarização nos negócios internacionais. Os países conectados Intra-Blocos Econômicos e Organizações Multilaterais, tendem a crescer em seus negócios; os que estiverem fora desse circuito, terão maiores dificuldades no Comércio Exterior.

A curso forçado os países terão que se integrar nas cadeias de negócios e aos Blocos Econômicos.

Daqui para frente os países não suportarão mais governos populistas, de direita ou de esquerda. Os governantes terão que ser pragmáticos, dinâmicos e competentes.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia no Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresa.