Preciosas informações sobre o campo foram recentemente divulgadas pelo IBGE.
Elas confirmam o crescimento da agricultura Familiar, cujas unidades
passaram de 4,1 milhões para 4,5 milhões. Significam agora 88% do número
total de estabelecimento agropecuários do País. A força do pequeno.Esse
interessante fenômeno da economia rural carece de melhor análise acadêmica.
Certamente, porém, o apoio do Estado tem sido fundamental nesse processo,
desde a criação do programa Nacional de fortalecimento da agricultura
familiar (Pronaf). Isso ocorreu em 1995. Foi o presidente Fernando Henrique
Cardoso que, pela primeira vez, formulou uma política específica para essa
categoria de pequenos agricultores, articulada então pelo agrônomo Murilo
Flores, da Embrapa. Com inédita metodologia, valorizando o uso do trabalho,
e não o tamanho da terra, o governo apartou uma parcela dos recursos do
crédito rural, direcionado-a para os chamados agricultores familiares. Hoje
se colhem os bons frutos dessa importante política agrícola. Estudos
conduzidos por Carlos Guaziroli, Antônio Márcio Buainain e Alberto Di
Sabbato relatam que, em 2006, os agricultores familiares respondiam por 40% do valor da produção agropecuária, ante 37,9% em 1996. No emprego, incluindo
os membros da família, o segmento absorve 13 milhões de pessoas, ou seja,
78,8% do total da mão de obra ocupada no campo. Celeiro de gente
trabalhadora. Os assentamentos de reforma agrária, embora incipientes,
também contribuíram para ampliar o espaço da pequena produção rural. Tanto é
que as maiores variações positivas na participação da agricultura familiar
ocorreram nas Regiões Norte e Nordeste, onde, por sinal, passaram a dominar
a produção agropecuária. Fim do coronelismo. Tais dados, obtidos a partir do
último Censo Agropecuário, destroem certo discurso boboca que brada estar o
modelo do agronegócio acabando com a pequena agricultura. Acontece
justamente o inverso. Novas tecnologias, mercados integrados e apoio do
governo robustecem a produção familiar no campo.