A culinária ganhou espaço nas salas de aula. Há muitos colégios que investem nessa nova estratégia de aprendizado. Para os educadores, a pedagogia da experiência é saudável. A criança vê a farinha se transformar em pão, bolacha ou bolo. Os legumes se converterem nas especialidades das várias cozinhas. Além de estimular o gosto, trabalha-se com todos os demais sentidos: cores, cheiros, texturas.
Incentiva-se a alimentação saudável, numa Pátria que, de tanto imitar os Estados Unidos, já tem sua infância obesa. Redescobre-se a alegria do trabalho com as mãos, redescobre-se o artefato, pois hoje tudo vem pronto e congelado. Os cuidados com a higiene e a segurança, por obrigatórios, treinam a criança para um desempenho sensato da maturidade.
Além do mais, é um exercício de solidariedade. Cada qual se encarrega de uma tarefa, um ensina para o outro, gestos de cooperação podem se repetir em casa. Pois aquilo que o aluno aprendeu na sala de aula é capaz também de replicar no âmbito doméstico.
Até mesmo o aprendizado matemático vai ganhar reforço. Frações, unidades de medida, calcular o que significa um quarto de xícara, o que são duzentos gramas de um ingrediente, muitas as opções possíveis. É a aritmética aplicada à realidade, não distanciada em fórmulas que não atraem a atenção dos mais inteligentes e dos hiperativos.
A escrita se desenvolve também, porque a receita vai ser transcrita e, com isso, treina-se o idioma. Tudo é muito bom para aproximar a escola de uma vida concreta. Todos sabem que a educação é a vulnerabilidade mais evidente da República brasileira. A integralidade dos nossos problemas recai na inconsistência do projeto educacional. A escola sem atrativos, desalentadora, de mera transmissão de conhecimentos que devem ser memorizados e nem sempre são úteis, é também um dos motivos que afastam a criança e o jovem de um consistente treino para o convívio. Ensinar a cozinhar supera o desânimo que impregna alunado e corpo docente.
Assim se deveria fazer em relação a outros temas: agricultura, marcenaria, noções básicas de eletricidade, consertos dos objetos cotidianos como torneiras, dobradiças, uso de ferramentas e outros. Educar é fazer com que se desenvolva a autonomia. Não é isso o que estamos assistindo. O resultado está no pífio índice obtido pelo Brasil no cotejo com as nações realmente civilizadas.