Consciência do voto e o peso na consciência…

Observando todo esse quiprocó em torno da eleição presidencial no Brasil, tenho a impressão de que a mídia e, por consequência, a opinião pública – da informação ao boca-a-boca e ao click-ao-click da Internet – têm sido manipulada no sentido de subordinar o principal…

Parece que a malandragem vitalícia percebeu que a enganação também só é eterna enquanto dura e se prepara para reinar mudando o trono para o congresso nacional, que pretende mais homogêneo de picaretas e, assim, facilitar o exercício pleno e imputável da maracutaia.

Enquanto o foco da cidadania distraída parece estar concentrado no Executivo, onde apenas remessas e entregas acontecem, é preciso aproveitar a distração e uniformizar o mix do Legislativo – às vezes inaceitavelmente hostil – ao qual as decisões são obrigadas a se submeter e a se mancomunar, pra se tornar exequíveis, independemente da virtude.

Da eleição sem alarde dos senadores e dos deputados, que acontecerá simultaneamente com a do (ou da) presidente, é que vai depender a sobrevivência do lesa-patriotismo que come solto.

No final das contas – e na antecipação da perda – já não importa muito se o presidente será Sua Excelência a Fulana ou o Beltrano, porque, pra governar, precisará do aval da companheirada que hoje canta e dança enquanto a galera chora…

Em qualquer democracia, o entendimento com os legisladores é condição sine qua non pra exercer a governança.

Entre patriotas abnegados – característica essencial de quem representa país e cidadãos – a divergência enriquece, pelo alvo comum, a parceria e os representados.

Entre bandidos, o acordo, o conchavo, o toma-lá-dá-cá, o suborno com a propina torna ricos os cupinchas.

Num país onde, ainda, o carimbo da fraude vale mais que o atestado e o papel, mais que a pessoa humana, é imperativo – mais do que nunca! – impedir, pelo voto, a relação compadresca e a proliferação de afilhados, que tanto mal podem fazer.

É preciso que mudemos o sentido da expressão brasileiríssima “eu não quero nem saber!” – que supunha “prefiro ser ignorante” e se transformou em “vou quebrar todas as regras, dane-se!”

É imprescindível que paremos – e este é um grande momento! – de encarar o voto como mera condição para o depósito do pagamento na conta bancária regularizada pelo título de eleitor e o comprovante da última votação; ou para se tirar carteira de identidade, de habilitação e o passaporte.

Os efeitos do subestimado voto regularizador de documento – ou, pior ainda, do humilhante voto de cabresto! – serão, como têm sido, muito mais danosos pro inconsciente e arrependido sufragista, sobretudo aquele que não pode abandonar o barco, porque nem nadar lhe ensinaram…

 

Nada é tão simples como parece, nem tão complicado como se imagina.

Em outras palavras, o achismo quase nunca acerta.

Convém que o eleitor se envolva mais, descubra muito e entenda melhor a sua força, dando uma mãozinha ao santo e à sua fé, porque o que está por trás quase sempre mostra o que vem pela frente…

Antes de decidirmos se o Lula volta ou se deixa a Dilma, sugiro que prestemos atenção nos senadores e deputados que colocaremos no Congresso e nas Câmaras Estaduais, porque um Legislativo menos desmoralizado e mais comprometido com seus representados tem a força de catalizar o bom governo – ou o poder de arrancar qualquer presidente que a democracia exigir!