A VOLTA DO LULA

Na história humana, os grandes avanços sempre se deram pela evolução, nunca
pela revolução. As grandes revoluções, como a francesa e a russa, sempre
foram muito eficientes na derrubada das instituições que já existiam, mas
nunca souberam como colocar outras, melhores, em seu lugar. Há dias, a
presidente Dilma Rousseff foi vaiada na abertura oficial da Expozebu em
Uberaba (MG), que reúne empresários da agropecuária do Triângulo Mineiro. No
evento ela prometeu que o plano agrícola pecuário 2014-2015 terá mais
recursos e mais facilidades na obtenção de crédito. Visivelmente tensa, a
presidente não fez nenhum comentário sobre as manifestações. Nas recentes
pesquisas de intenção de voto, Dilma despencou nas estatísticas demonstrando
que as eleições de outubro serão decididas em um segundo turno. Nas recentes
declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio e Televisão
de Portugal (RTP), para quem não se recorda, ele disse, com todas as letras,
que o julgamento do “mensalão” teve “praticamente 80% de decisão política e
20% de decisão jurídica”. Nesse seu esforço para desqualificar o processo,
louve-se nele a sua sempre sofrível tentativa de valer-se da aritmética. Me
consta que seja alfabetizado com sofreguidão e não tenha tampouco
conhecimento jurídico – vide as recorrentes afrontas à lei protagonizadas
por ele. Hoje seu nome desponta entre os mais cotados para vir a substituir
Dilma Rousseff em caso de uma real desqualificação popular da mesma. O
retorno do Lula será benéfico para imprensa em geral e aos programas
humorísticos, mas como suportaríamos prorrogar a permanência desta turma no
poder por no mínimo mais quatro anos – isso está, evidentemente, acima da
capacidade de resistência da Nação. Fora todas as outras atrocidades que
certamente continuariam a ser cometidas contra nosso bom senso e nossos
bolsos. Uma mistura que inclui incompetência, letargia e escândalos de
corrupção. A conta a ser quitada vai muito além das fronteiras de nossa
imaginação. Mas a possibilidade de uma eventual troca de candidatura, da
nossa atual presidente pelo Lula, é real. E será ainda mais se a sua
“análise aritmética” concluir que as chances de Dilma Rousseff sair
derrotada pelas urnas aumentaram. Lula certamente seria um candidato menos
derrotável. Não creio que o PT morra de amores por Dilma, o problema maior
seria como convencer a população de que fora, mais uma vez, “apunhalado
pelas costas” por um de seus companheiros. Do contrário, por que haveria de
substituí-la? Não tinha sido ela a grande “gerenta” responsável pelo suposto
sucesso do seu governo?