Dilma Rousseff, seguindo a tradição do Brasil ser o país incumbido da introdução, desde a primeira, em 1947, abriu nesta semana a 67a. Assembléia-Geral da ONU…
Como garota-propaganda de uma terra maravilhosa que não existe, onde a mulher representa a metade do céu – e, provavelmente, o nosso país sob seu governo petista a outra metade, a presidenta foi constrangedoramente pedante, pra não dizer ridícula.
Falou de forma genérica e impertinente, abstrata e contraditoriamente, como sói falar aos seus admiradores, de maioria mal e muito pouco informada, do terceiro-mundo petista do seu universo – onde hoje já se chega à alta classe média com 500 dólares por mês – incluindo a vizinhança latino-americana, simpatizante-dependente, em que tiranos egocêntricos mui amigos vociferam a sua personalizada democracia…
Ainda bem que, mais do que no discurso recheado de asneira do Ahmadinejad – que envolve sério risco, justificando consideração e repúdio! – ninguém presta mais atenção no jeitinho do politico brasileiro de dissimular o que acontece no ambiente doméstico, subir num muro e discursar pro resto do mundo com interpretações e comentários, descabidos e desinformados, sobre os problemas desse mundo incompetente.
No Conselho de Segurança das Nações é preciso reclamar sem fundamento e, principalmente, dar conselho – ainda que ninguém pedisse! – e, ao mesmo tempo, não falar muito diferente daquele seu mestre que a torneou, mesmo que isso nos faça desejar ser um avestruz – ou melhor, uma ema! – e enfiar a cabeça num buraco de vergonha…
Foi muito pior que qualquer uma daquelas chulices inócuas do Lula, que, apesar do monte de abobrinha inapropriada e inútil, pelo menos chamava a atenção pelo figura folclórica e engraçada – era o cara, como o Raoni do Sting, e mostrava uma certa coerência com a expectativa geral, até nas contradições.
O Brasil, enquanto fornecer suas commodities aos que precisam, comprar as bugigangas que salins e xiaopins vendem e tiver os líderes que tem, não influencia de verdade e nem oferece risco.
Lembra aquele juiz ruim de jogo pior ainda nas várzeas da periferia: não apita nada!
É daqueles casos em que a boa etiquette manda aplaudir, dar o abraço e chamar o próximo orador, pra começar a parte séria…
Faz-me pensar que, se ao invés de estudar, trabalhar duro e obedecer às leis – tanto quanto a imensa maioria dos brasileiros do meu tempo – eu tivesse optado pela indústria metalúrgica e a violência das suas greves obrigatórias (fura-greve apanhava mais que preso politico!), pela luta armada e até mesmo pelo sequestro, com direito a residência no xadrez, eu hoje também saberia muito mais sobre o que é democracia…