Energúmenos e mentecaptos…

Eu poderia ser um energúmeno – se tivesse sido um mentecapto.

Afinal, estatisticamente, ambos compõem mais de 90% do universo humano.

Mas não me conceberam mentecapto; logo, eu não poderia ser um bom energúmeno…

Então, eu poderia ter sido um aproveitador de mentecaptos e energúmenos, tamanho o nicho de mercado, mas também não me fizeram um bom não-energúmeno…

Relativamente fáceis de ser detectados, energúmenos são os que começam como aquelas crianças na escola que, por falta hereditária de boa intenção, nada aprendem, a não ser a arte do “bullying’ e a possibilidade de gerar mais energúmenos vingativos.

O que sonha – se o há! – quer ser lutador de vale-tudo ou pugilista; e o energúmeno empreendedor quer ser dono de rinha de galo ou de pitbull.

O energúmeno rico – prova de que o sucesso material pode ser obra do acaso! – adora se hospedar em hotéis cinco-estrelas e comer em restaurantes de luxo só pra maltratar camareiros e garçons.

Há o raro energúmeno temporário, que se recupera via descarga exorcismante e se arrepende; assim como há o energúmeno crônico, congênito, tão energúmeno que nem sabe que o é!

Há os loucos por sexo, os lunáticos pelo poder, os biltres obcecados pelo dinheiro a qualquer custo; os energúmenos úteis e os imprestáveis, ambos igualmente abomináveis.

E há os energúmenos de destruição em massa... Aqueles que, por alguma razão que a própria energumenice desconhece, se tornaram poderosos, capazes de produzir danos inimagináveis…

Hitler, o mentecapto-energúmeno mais famoso e lamentável, praticamente destruiu a nação do grande povo alemão – que o gerou – a qual, depois do pesadelo, se reconstruiu, se reunificou e se fortaleceu a partir das ruínas.

O mesmo aconteceu com o Japão imperial e, em ambos os casos – como sempre! – ficou evidente que tais delírios contaram com a ajuda da estatística inexorável quanto à densidade demográfica de seus conterrâneos energúmenos.

Como se não tivesse já sido o bastante, ainda hoje temos o Iraque, o Afeganistão, a Coréia do Norte, a Ucrânia, Cuba, Venezuela, Congo, Quênia, Sudão, Uganda, a República central e a periférica Africana, a India, a China…

Mas o que mais embasbaca este velho tupiniquim é ver o Brasil como refém gigante e impotente dos homenzinhos simpatizantes do regime vigente…

E do seu mais célebre anunciado energúmeno!