É difícil acreditar que pessoas aparentemente lúcidas não se compenetrem de que a situação brasileira precisa de tratamento de choque, não de paliativos. O que ocorre com a Nação é muito mais grave do que a microcrise no âmbito doméstico. Mas guarda similitude. Quando se gasta mais do que se recebe, o remédio é deixar de consumir. É refrear as despesas, é cortar na carne e procurar otimizar os recursos. Mas não é o que está acontecendo. Palavrório, interpretação variada, crítica e mais crítica. Mas de concreto, o que se fez?
É o momento de enxugar o Estado. Mas enxugar mesmo, não ameaçar e retroceder. Toda a população já percebeu que o Governo é um lobo faminto que suga, exaure a saúde do contribuinte e não se satisfaz. Ninguém desconhece que nossos preços são muito maiores do que os oferecidos a estrangeiros onde o controle sobre a volúpia tributária é eficaz, porque sob controle de uma cidadania protagonista. Aqui, investiu-se na infantilização de pessoas que só têm direitos, mas não assumem suas obrigações. Tudo tem de ser oferecido gratuitamente por um Estado-babá que já faliu. Não tem mais condições de nutrir as expectativas de quem não foi preparado para o trabalho, para o sacrifício, para o desempenho autônomo. Só se sabe reivindicar, exigir, boicotar quando desatendido em seus reclamos, na insaciabilidade de quem aprendeu a consumir como se fora primeiro mundo.
Um choque de verdade faria bem a todos. Assumir protagonismo cívico. Cair na realidade: o Governo não terá mais condições de oferecer tudo o que prometeu. Cada qual tem de procurar o caminho da sobrevivência, que passa pelo trabalho duro, pela economia forçada, pela redução de gastos e pelo empreendedorismo. Não há mágica num estágio calamitoso como o da nossa economia, sem perspectivas políticas de consenso, sem o espírito de sacrifício, há muito abandonado na ilusão de que o Governo é onipotente e tem cofres inexauríveis.