Quando eu era criança, não frequentei clubes. Eles eram restritos a grupos bem definidos, de acordo com o status. Só na adolescência atentei para a delícia de um convívio em que o clube fazia parte da rotina. O Clube Jundiaiense era o local em que a minha turma se divertia.
Nunca fui esportista, para desencanto de meu pai, atleta e torcedor fanático do Santos F.C. Mas logo descobri o quão gostoso era dançar, flertar, conversar e levar uma vida de assíduo frequentador da sede da 11 de Junho e, depois, da área campestre na Estrada Velha de Campinas.
Foi no Clube Jundiaiense que comecei a namorar. Ali fazíamos as reuniões do Top Clube – Trabalho, Organização e Progresso. E depois, as do primeiro Rotaract de Jundiaí. Participei de inúmeros bailes de debutantes, alguns deles apresentando as garotas junto com a querida e hoje saudosa Cláudia Maria de Lucca, depois Parise.
Fizemos alguns shows, como o “Pobre Menina Rica”. Talentos nossos, como Delega e Giba Fraga de Novaes, Flavinho Della Serra, Mmelinho e seus “All Anthonys”, Helô Basile, Ricardo Feres Abumrad, o criativo Maninho, Eduardo de Souza Filho e tantos outros que já se foram. Tempos em que o Presidente Oswaldão, o dr. Oswaldo de Almeida Leite imperava, com o Muzaiel Feres Muzaiel diretor encarregado das “boites” do sábado à noite. com a presença de Ucho Gatica, Cláudio Luna, Maricene Costa, a Voz de Ouro ABC.
E os carnavais? Concurso de fantasias, liderados por Sônia Carletti, com o preparativo de meses na confecção de roupas que os grupos usavam nos bailes e ainda desfilavam pela Rosário e Barão. As brincadeiras dançantes, com parada na “Pauliceia” e depois todos caminhando a pé, ainda não havia a invasão automobilística e se podia voltar tranquilo para casa, sem receio de assaltos e outros sustos.
O Clube Jundiaiense faz 70 anos! Quase a minha idade! Por algumas décadas, ele me fez muito feliz. De certo, continuará a fazer felizes outros jovens e as crianças que eles fizerem nascer. Agora maior, mais provido de recursos, mas igualmente acolhedor, espaço de convívio familiar e social, fortalecedor de laços que a sociedade em geral já não consegue estabelecer numa República que teria muito a aprender com os seus clubes.