AS MÃES EXCLUÍDAS DO BRASIL

Amor de mãe é incondicional. Amor de filhos é condicional. É o que parece
quando as estatísticas demonstram que cerca de 20 milhões de mamães
brasileiras, integrantes de nossa população mais carente, carregam um histórico de dificuldades clínicas de dar vergonha a qualquer ser humano.
Mesmo morando em grandes centros ou na periferia deles, um simples
acompanhamento pré-natal transforma-se em autênticos calvários. Os
resultados do descaso dentre outros, vão de abortos ao falecimento das
gestantes. No País em que o próprio Ministério da Saúde classifica como
inaceitáveis os índices de morte após o parto, mulheres muitas vezes têm de
viajar precariamente 60 kilômetros para fazer uma mamografia ou esperar meses até conseguir o diagnóstico de um exame de câncer de colo do útero. Os
dados, referentes ao fim de 2006 e início de 2007, mostravam que cerca de
80% dos municípios, não tinham capacidade para fazer diagnóstico do câncer
de mama. Doenças decorrentes do stress como desvios de ordem psicológica não
entram nas estatísticas, ficando em segundo plano. Outro absurdo que acomete
as mamães é a indicação pelos médicos de pílulas anticoncepcionais e
hormônios injetáveis para contracepção. Claro que são métodos eficazes, mas
nem sempre indicados. Há mulheres que apresentam restrições a este método,
mas ao que parece, isso não vem sendo observado. Em 2007, o índice de mortes
após o parto foi de cerca de 50 por 100 mil nascidos vivos. Em países
desenvolvidos, essa taxa varia entre 6 e 20 mortes por 100 mil nascidos
vivos. Se o número de consultas de pré-natal aumentou e não houve impacto,
não precisa ser especialista para ver que algo está errado. Percebam o quão
difícil é ser mulher e mãe no Brasil. No dia das mães convoco todos a
passarem a exigir de nosso governo em todas suas esferas, condições mínimas
e igualitárias para nossas mamães. Nascer uma excluída social é destino de
uma mulher, tornar-se uma mãe excluída passa pelo descompromisso do governo
com o progresso social. * Carlos Henrique Pellegrini é professor
universitário e Diretor de Gestão e Sucessão Empresarial da Maxirecur
Consulting, pellegrini@maxirecur.com.br