Contratos de trabalho que não têm flexibilidade não funcionam mais. A contemporaneidade exige que os resultados sejam os melhores. Para isso, o empregador precisa se envolver diretamente com os problemas dos funcionários. A ideia pode chocar a cultura do velho patrão, aquele que preferiria ter o empregado com uma bola de ferro amarrada aos pés, para que não se ausentasse por um minuto de seu espaço de trabalho. Mas o mundo é outro. O bom trabalhador precisa ser conquistado para produzir mais e melhor. E isso depende de sua satisfação com as condições do emprego.
As empresas já descobriram isso. Mas o serviço público ainda não. É óbvio que o funcionário público ainda merece a pecha de alguém apaniguado, que foi nomeado em confiança e que não mereceria ocupar um posto pago pelo povo. Mas essa mentalidade tende a se alterar, ao se constatar que o acesso ao cargo ou função pública depende de mérito. São os concursos que avaliam os melhores e a remuneração do serviço estatal nem sempre é das piores.
Os bons quadros já não se satisfazem com o trabalho integral e convívio com a família apenas nos fins de semana. Por isso conseguiram despertar a atenção dos setores de RH no sentido de que pais e mães possam compartilhar obrigações profissionais e familiares de modo equitativo. Acenar com a possibilidade de manter carreira compatível com a vida privada aumenta de forma considerável a motivação para o trabalho e a fidelidade ao patrão. No caso, o patrão é o povo. Paga e merece um serviço de qualidade.
Os gestores de recursos humanos reconhecem que o fato de estar ativamente envolvido na educação dos filhos também é benéfico para o progresso profissional de um indivíduo. Os pais têm motivação acrescida para um bom desempenho. São sempre mais sociáveis e costumam organizar a carga de trabalho de maneira eficiente.
O ideal seria que cada repartição – penso em cartórios – tivesse permissão para organizar seus horários como preferirem, desde que produzam resultados e atendam de maneira satisfatória ao jurisdicionado. As redes internas das quais nunca mais escaparemos facilita essa prática. Trabalhar em casa não é pecado. Talvez possa comprovar melhor retorno do que a presença física, mas desinteressada, do servidor em seu local de trabalho, quase sempre opressor, desconfortável, angustiante e desinteressante.