Onde se escondeu o juízo

Parece que há pessoas ainda insensíveis à trágica situação brasileira. Não leem jornal? Não ouvem noticiário? Não prestam atenção às lojas que fecham as portas, milhares de pessoas que perdem o seu emprego?
Continuam a pensar apenas em si. Não se afligem com o quadro nacional, como se pudessem existir ilhas de prosperidade cercadas por um oceano turbulento de misérias.

A burocracia do Estado brasileiro é um desses espaços onde o perigo demora a mostrar sua verdadeira face. Enquanto houver contracheque ou hollerith garantido pelo depósito no dia certo, tudo permanecerá como antes.

Só que este 2015 nos reserva surpresas. O Estado do Rio Grande do Sul reduziu salários. Mesmo assim, teve de paralisar e atrasar pagamentos.

A Prefeitura de São José dos Campos adota expediente reduzido por contenção de despesas. É a notícia do jornal “O Vale-Gazeta de Taubaté” de 24.9.2015. O mesmo diário diz que a Volks é a primeira empresa da rica região do Vale do Paraíba a aderir a programa que reduz salários e jornada.

O Governo do Estado extinguiu várias fundações, paralisou as nomeações, cortou horas extraordinárias. Até mesmo o desgoverno central deu um passo rumo à redução de Ministérios, diminuição de remuneração de ministros e corte de pessoal em comissão.

O momento é de perguntar: o que posso fazer para ajudar o meu empregador – que, no final das contas, é o povo, aquele que sustenta a máquina – a superar esta crise? Qual a minha contribuição em termos de criatividade, de inovação, de economia concreta, para que o Governo consiga honrar suas dívidas?

Completamente fora de propósito reclamar direitos que, mesmo justos e legítimos, não têm condição de serem satisfeitos neste momento. A prudência recomenda aguardar melhor oportunidade, continuar a prestar os melhores serviços e a contribuir para minorar o panorama verdadeiramente trágico, abatido sobre um Brasil que prometeu atender a todas as demandas, multiplicou os direitos, mas não cuidou de educar a população, tanto para produzir mais, como para ter juízo em crises que, acreditou-se, nunca atingiriam a ilha da fantasia.