E a reforma política?

A mais importante dentre as reformas exigidas pelo Brasil é a política. O Estado cresceu demais. Como diz Ives Gandra, o Brasil não cabe no PIB. O inchaço é nefasto. Cada vez maior o número de pessoas que dependem do governo, direta ou indiretamente. Nenhum País civilizado tem 39 ministérios. A República não perdeu os ares de Corte. Basta assistir ao espetáculo exibicionista das equipes precursoras, antes da chegada de um prócer do governo. São dezenas de pessoas, locomovendo-se de avião e se servindo de carros oficiais ou alugados, só para verificar o esquema de segurança do lugar visitado.

O aparelhamento do Estado infla todas as repartições e onera o orçamento. A necessidade de legitimação obriga a uma publicidade contínua, a pretexto de ser comunicação institucional. Não há sentido em convivência de mais de trinta partidos, com a possibilidade de se converterem em mais de sessenta, se todas as pretensões em curso vierem a se concretizar.
A reeleição já se mostrou danosa. O primeiro dia do primeiro governo já sinaliza a intenção de se perpetuar. Tudo se faz com vistas na continuidade. Será que isso é benéfico para a nação?
Examine-se o cotejo de forças entre quem está no governo e disputa a reeleição e aquele que está fora. Existe alguma proporcionalidade entre eles?

O sistema bicameral mostrou-se também dispendioso. Para que duas Casas Legislativas, se o número de representantes do povo é limitado? A representação do sudeste é sempre deficitária, em benefício de Estados que, na verdade, deveriam ser territórios. Quantas vezes já se mostrou o custo de um Senador e de um Deputado para o País. E o modelo se replica nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais.

Há municípios que não poderiam ter autonomia. Deveriam ser distritos. Mas a volúpia pela criação de estruturas faz proliferar essas entidades da Federação, com suas Secretarias, de acordo com o modelo federal, que não é o melhor exemplo e suas Câmaras Municipais, tudo às custas do Erário.
Manter o povo cativo de benesses garante pouca reflexão e comodismo. Por que mudar, se alguma esmola continua a cair do céu? A cidadania madura deveria exigir mudança de rumos. O Brasil tem jeito. Basta que as pessoas de bem não percam a capacidade de indignação.