See you in September

Setembro é um mês especial!

Nos Estados Unidos, leva o verão embora – ajudado pelas primeiras brisas do outono chegando sutilmente – abre a temporada das ostras e lagostas nas cidades praianas do nordeste e a caça ao cervo com arco e flecha na Flórida.

Enfatiza o patriotismo e homenageia a constituição, a família adotada e os índios desalojados que conseguiram sobreviver…

No Brasil, onde trouxe a independência, fecha a temporada de caça à marreca-piadeira, que agora já pode piar mais tranquila pro seu marreco.

Comemora o dia da árvore que, agradecida, retribui com novas folhagens e belíssimas flores, em recepção à primavera que chega junto…

Para o mundo todo, seja outono ou primavera, traz o Dia da Paz e, antecipando-se a outubro, a grande festa da cerveja em Munique.

Em avant-première, celebra a Oktober Fest  em toda parte, eis que cerveja mal espera até sexta!

Por outro lado, como nem tudo são flores – e muito menos cerveja! – setembro, em seu dark side, também tem trazido mais greves que os outros meses do ano…

Da Chicago dos gangsters à Chico City do Anísio, pipocam piquetes de gente boa e palanques de picaretas na pindaíba fazendo maracutaia pra levar algum.

Em Chicago, a greve dos professores da rede municipal, depois de 25 anos de abstinência subserviente desde a última em 1987, terminou menos de 10 dias depois, com a principal das reinvidicações atendida: a manutenção do status quo em termos do número de professores, da quantidade de alunos por sala de aula, da avaliação baseada na experiência e não no mérito como se pretendia, dos salários acompanhando a inflação, e do seguro-saúde.

Afinal, numa circunstância em que perder pouco é lucro, conseguir manter o que se tem é uma grande vitória!

E havia 350.000 crianças esperando nas ruas e dando trabalho extra aos policiais encarregados de protegê-las.

Além do mais, a greve da sala dos professores reabriu a porteira – ou a porta das outras classes – e novas greves deverão surgir…

No Brasil, os grevistas nacionais – que chegaram à presidência do país, tamanho o apoio de simpatizantes! – mais experientes e menos pudicos nesse tema, estão em praticamente todas as classes, reinvidicam mais e param por muito mais tempo, sob pena e suporte dos demais compatriotas que os assistem, haja vista que desocupado pelo IBGE não faz greve, mas conluia com a dos outros, ainda que passivamente e (quase) sem má-fé.

Na meridional alta temporada setembrina do dissídio, decidem se dissidem ou se acordam em suas propostas indecorosamente legais – mas imorais, especialmente no estável serviço público, pelo mal que acarretam a esse mesmo público a quem devem o seu emprego e deveriam servir.

É interessante observar que o pessoal das forças armadas brasileiras – esses eternos vilões, cujos salários são comparativamente muito mais baixos e, assim, se congelam por anos a fio, expostos à corrosão da inflação – é aquele que vai à selva que grevista não vai e faz o serviço ao público mais fiel desse governo, levando alimentação, transporte, saúde, educação e o que mais precisar.

Tudo isso por um custo mais baixo que mercadoria de grife chinesa.

Em relação ao direito de greve, a mim parece que há algo de mais errado no reino das amazonas do que no dos apaches e cherokees

Eu pensaria em convocar aqueles milhares de brasileiros que, motivados pela  esperança de que um dia seriam chamados, fizeram concurso – emprestando dinheiro pra pagar a taxa de inscrição – pra formar a propalada reserva de pessoal.

Tenho certeza de que viriam correndo, por aquela prometida fração do salário dos grevistas inconformados de hoje…